sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Lisboa-Tunes-Portimão...


Quem me dera poder fazer chegar este texto a quem se destina.

Acabada de chegar da road trip, pouco passava das onze da manha. Os pais já estavam no Algarve há uns dias e tinha prometido ir ter com eles logo que voltasse. Na azáfama da viagem nem me lembrei de comprar o bilhete com antecedência. Arrumo umas coisinhas, tomo um banho demorado e como qualquer coisa. Nem me apetece fazer almoço…sinto aquele aperto cá dentro por ter chegado ao fim dos catorze dias mais ansiados do ano. Sem tempo pra demoras,
preparo tudo e cravo uma boleia até à estação de comboios do Oriente.

BILHETES ESGOTADOS para o comboio que queria, resta-me ficar duas horas à seca e seguir no das 19.20. Valeu-me o pc que durante algum tempo ainda captou rede e deu pra teclar uma beca. Entretanto ponho-me a olhar para o bilhete… já me tinha esquecido que tinha de fazer escala em Tunes, logo eu que nunca andei de comboio pra tão longe e que não faço ideia de nada. Pra piorar apercebo-me que exagerei na carga. A mala de viagem estava pesadíssima, mais o pc, a eastpak às costas e a mala onde levo os telemóveis, a carteira e o mp3. São quatro horas de viagem, chego lá por volta das 23.30, é o previsto. Puro tédio, pensei eu!

Quem me dera poder agradecer ao senhor simpático e culto que tagarelou comigo no comboio inter-cidades… não imaginam o tanto que aprendi naquelas duas horas de viagem…
...e ao casal rastafa que me ofereceu bolachas de chocolate e a todo o pessoal que me foi ajudando a carregar com a mala… tinha sido impossível descer as escadas do comboio em Tunes e subir para o outro a carregar tudo sozinha.
Por fim, restava-me agradecer às senhoras velhotas do último troço da minha jornada, no comboio inter-regional, que passaram metade da viagem a investigar o meu piercing com desdém e a outra metade a discutir a saga do filho mais velho da dona Graciete que saiu de casa pra ir viver com a namorada sem sequer casar, “nem plo civil, é uma vergonha”… sim, descobri que uma viagem num comboio regional é melhor que qualquer novela da TVI, ouve-se de tudo, sabe-se de tudo.
Talvez devesse agradecer também ao homem sisudo que me respondeu mal antes de entrar no comboio. Ao invés de estar calada decidi responder no mesmo jeito e retribuir a falta de simpatia... só então reparei na identificação: "revisor". Uns minutos depois, ali estava aquela personagem irritante a pedir-me o bilhete com ar de convencido … enfim, apesar de tudo não implicou com o meu bilhete super amachucado que desfiz à pressa depois de ter dobrado em cinco ou seis vezes…foi o entretém do início da viagem, lá me lembrei eu que ainda não tinha passado plo pica e pior ...que pudesse ser o troglodita antipático.

] Dany

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Silêncio falante...

São onze da noite, a praia está vazia e não há um único foco de luz além dos barcos perdidos e das estrelas, hoje mais que muitas. Não corre uma brisa e o ar está quente mas consigo sentir a maresia na pele a cada rebentação. Disperso, ecoa um silêncio falante…sim, o silêncio das estrelas que há bem pouco tempo aprendi a ouvir. Deixo-me percorrer pela paz que me transmitem, como se só existisse eu e o pouco que os meus olhos alcançam entre a escuridão... como se cada ponto de luz no céu me sussurrasse baixinho, me entendesse, me falasse. Sozinha no meio do imenso areal… só o barulho das ondas e a luz das estrelas. Lá longe ainda ouço alguém falar depressa. Ecoa pela praia vindo não sei de onde, cada vez mais abafado… até que se perde. Deito-me no areal húmido e sinto o frio trilhar-me o corpo e manter-me acordada. Sem dar conta, estou a respirar ao compasso do barulho das ondas, como se me confundisse com aquele lugar perfeito. Respiro fundo umas quantas vezes. Tento varrer de mim as memórias. Não quero pensar em nada… mas é inevitável. Enterro as mãos na areia, tacteio-a e deixo-a escapar-se de mim por entre os dedos como se fosse o passado, grão a grão, memória a memória. A comparação é absurda e disparatada mas traz-me algum consolo e surge como refúgio perfeito. Concentro-me e deixo-a tomar ainda mais sentido, mais seriedade. De repente, num gesto seco, fecho a mão. Com o punho cerrado consigo sentir as unhas cravarem-se na pele, cada vez com mais força. Deixo vir à memória todas as recordações, tudo o que quero deixar para trás, de vez. Fico alguns segundos a reflectir e então, devagar, vou aliviando os dedos e deixando escapar a areia, lentamente. Deixo-a levar de mim todas as memórias, tudo o que pertence ao passado… deixo-a levar-te de mim. Levanto-me devagar, tenho o corpo entorpecido e a areia a escorrer pelas costas. Está agora um vento fresco e agressivo… o frio da areia húmida era bem mais confortável. Sustenho a respiração por uns segundos. Sinto-me estranha! Apesar de toda a areia ainda colada ao meu corpo sinto-me mais leve, muito mais. Fito o céu num último relance de olhar e, de repente, vejo uma estrela cadente, como se fosse a ultima réstia de memória a esvair-se. Foi assim que a senti, foi assim que me falou… foi assim que quis que me falasse, foi assim que levou de mim o resto do que era teu, para sempre! Solto um sorriso incontrolável, em jeito de grito de independência. Sinto agora o vento enérgico chicotear a areia contra a minha pele, cada vez com mais força e fecho os olhos de repente… a frase que um dia alguém me segredou ainda soou baixinho na minha cabeça “Lembra-te, o destino é imutável, não tentes fugir dele”. Sabes que mais? Eu não acredito no destino, acredito no amor…

] Dany

domingo, 19 de agosto de 2007

Just... perfect ! =)


Inesquecíveis, irrepetíveis, perfeitos... 14 dias, 2000 km, tantas estradas perdidas, alguns azares, uma imensidão de sorrisos, algumas horas de sono, muitas horas de diversão, 4 depósitos de gasóleo, umas quantas latas de atum, outras tantas de salsichas, milho, ervilhas e cogumelos, 4 estrelas cadentes, 3 cassetes de vídeo, alguns escaldões, umas poucas (mas irritantes) picadas de insectos, tantas loucuras, milhões de bons momentos, 4 pulseiras, 4 grandes amigas e agora.... uma lágrima no canto do olho! A dor de barriga das tantas vezes que nos rimos descontroladamente é agora um aperto bem diferente… saudades, tantas… Sinto falta do pó do sudoeste, de adormecer com os sons da tenda electrónica, dos banhos de água gelada rodeada de uma multidão enérgica, dos anhanços ao relento, dos jantares improvisados, da noite a bater panelas como se fossem jambés, dos momentos de Freestyle, dos batuquinhos, das danças, de todos os concertos, de todas as fotos… falta de lavar os dentes enquanto tomava banho e do êxtase que foi ir a uma casa de banho decente nos cafés da Zambujeira. Saudades das tantas vezes que passamos pelas “Operações Stop” como se fossemos fugitivas e de suspirar de alívio quando não nos mandavam parar. Falta do trabalho de equipa que era rodar o volante da nossa carripana quando estacionávamos, falta de todas as tangentes que fizemos, de todas as buzinadelas ao pessoal que passava, ao ti Manel e à ti Maria, falta de todos os atolanços e da festança que era quando nos safávamos, falta da rave nocturna na carripana numa ruela perdida de Lagos, da musiquinha pimba das viagens, da musiquinha melancólica, das cantadorias em êxtase, falta dos desenrascanços …falta da lanterna psicadélica a substituir os médios da carrinha quando decidiram falhar de noite…falta de tudo. Falta daquele banho de mar às 9.30 da noite e do jantar na street… como soube bem instalarmo-nos em frente ao hotel 5 estrelas de Albufeira, pôr o camping gás no meio do passeio, rádio a bombar com os nossos sons, roupa estendida pelo muro da rua, “É tudo nosso” …foi a primeira noite passada na carrinha. Ainda me lembro dos olhares estranhos, de acordar com o sol a acariciar-me a cara, com a perna entalada no volante, o pé dormente e apesar de tudo, um sorriso enorme… ! Assim foram algumas alvoradas em spots perdidos deste Portugal onde um lugar para estacionar a carripana era tudo o que restava. Lembro-me de quando conseguimos a primeira casa… em Lagos. Como soube bem a água quente percorrer-me o corpo, tomar um banho decente e poder secar o cabelo …foi como regressar ao mundo moderno vindas sei lá de onde…! Saudades… tantas. Cineminha, disconights, cafezinhos, anhanços, festinhas pimba do Norte, bailaricos, as aventuras no McDrive, o geladinho haagen-dazs, a autêntica perseguição da SIC… tantos bons momentos, incontáveis… e a certeza de que muito ficou por explorar, muitos caminhos por trilhar, muitas aventuras por arriscar. Viagem perfeitinha… a primeira de muitas, com novos spots, no espírito de sempre! Road Trip 2007 ABCD cru, cozido, assado, frito (com aquele sotaque mesquinho) é o grito de honra, our code…só pra entendedores =)

] Dany

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

FÉRIAS! [ Road Trip! ]













A contagem decrescente começou nos sessenta dias, a ideia… surgiu muito antes disso, muito mesmo… mas parece que foi ontem, passou a correr e afinal, é já amanhã! Há alturas na vida em que apetece sair daqui, deixar tudo pra trás, viajar…mesmo que sem destino, o que interessa é mesmo bazar! Amigos, boas vibes, muuuuita vontade de viver a vida…e está tudo Checked! Tá done! Road Trip…here we go! Quinze dias… quinze dias fora de tudo, longe, num “espírito diferente” dominado pelas boas vibes, sem preocupações, sem justificações, sem sermões… quinze dias fora daqui, fora de mim… longe! O marco…é o amanhã!!! Amanhã partimos daqui e a expressão de honra é mesmo…NO RULES! Dormir, curtir à grande, festivais, noitadas, explorar novos spots, surfar “novas” waves, conhecer people, vaguear por aí na bela da carrinha…quase hippie (quaaase =P , correr o país de lés-a-lés sem obrigações, na descontra…e venham os vipes! o espírito nas boas viiiiibes…, música, muita música, free mind e amizade, mesmo muita…e da boa =) here we go…the perfect trip, no doubt! NO SENSE, NO RULES! Assim me despeço… até qualquer dia =P ...Dany